ENQUANTO A MEMÓRIA AJUDAR ...

Parece muita presunção minha ,não é ,podem ter certeza ,muitos falam que preciso .

Só resolvi contar o que lembro porque tenho tido ,durante esses tempos contato com a grande maioria da época e falando de mim obviamente estarei lembrando os maravilhosos personagens desse nosso mundo .

Comigo tudo sempre foi muito simples e humilde , e sempre criando maneiras de chegar ao mesmo lugar de formas diferentes ,e muito me orgulho disso .

FAZER BALÂO E SOLTAR É SÓ COMEÇAR

Minha mania de balão começa a surgir quando aos oito anos ,morador da rua amália ,na piedade ,achei um grande saco de papel ,devia ter vindo com batatas ,eu sempre com a mania de criar vi ali um balão ,ato continuo cruzei duas varetas de pipa e coloquei uma bucha feita com um pano de encerar o chão da casa ,estava todo embebido em cera e amarrei nas varetas .

Acendi ,e nesse momento o coração foi a mil , foi aquecendo com aquele fugareu assustador .

Muito pesado saiu de lado numa corrente de ar .

Já um pouco distância há uns dois metros do chão a bucha caiu e a glória se transformou em tragédia ,o mato perto do campo do glorioso Alvinegro ,nome do nosso clube mantinha um incendio assustador .

Depois de pesquisar muito onde errei ,lembrei que havia amarrado a bucha com barbante ,não riam de mim era um molequinho ainda .

Daí houve um hiato na minha vida quando o rock me alugou e vivi outros momentos de quase artista ,mas apareceu uma loura na minha vida e tudo mudou ,entrei numa vida mais séria e como na família dela tinha gente com gosto pelo balão tudo começou de novo ,trabalhava ,estudava e ainda arumava tempo pra fazer uns travesseiros para junho e meu filho ainda muito pequeno acompanhava com interesse .

Chega junho e nas noites sem vento ,quando  chegava do curso pelas onze lá estava meu menino esperando .

Enquanto a festa comia solta na igreja eu pegava quatro ou cinco balões prontos e pendurava na corda e meu guri ajudava segurando ,todos abertos ele segurava e eu acendia ,ia saindo um por um ,até a lembranhça emociona .

Onde meu cunhado morava tinha uma laje grande o suficiente pra fazer armação para três folhas dali sairam várias pequenas armações ,todas em esteirinha . 

Para ocupar um espaço vago surge A Folha do Baloeiro com sua filosofia humorística mas pegava no pé das vaciladas com a "chamada para a escolinha",tinha também o puxão de orelha de quem não tinha bom comportamento ,1979.

Outra revolução foi a Boca de Ouro criada pelo grande Melão ,depois do Murilo passei a ser o locutor nas entregas do trofeu .

Acompanhei a turma da União no Caeté perdendo balões na guia ,o pessoal que viria a formar a Tom e Jery também perdendo balões .

Na União apareceu o Américo e resolveu , na Tom e Jerry veio o Madeira lá de Madureira com o Duarte ,o Américo também esteve lá e eu passei a fazer parte da turma .

Participei da Tom e Jerry durante muito tempo , tive problemas conjugais ,com o relacionamento complicado em casa ,não pela turma ,mas a minha dedicação ao balão atrapalhava .

Uma noite quando assistia ao lançamento da Saci  no Matadouro ,alguém que não lembro me falou "teu filho estava chorando com os colegas porque perderam um balão deles, "aquilo me preocupou nessa época já estava separado ,no dia seguinte fui me reunir a eles ,era a turminha da União da Abolição .

Depois de me contarem tudo eu falei "vou trabalhar com vocês ,mas com o seguinte trato ,no início eu serei o guia na hora de soltar "todos concordaram .

Logo preparei uma armação com o tema "A mãe Amamentando .

No dia do lançamento depois de comentarem no Tio Mello a rua estava lotada e os garotos se sentiam importantes ,mas eu via uma aragem perigosa ,mas imaginem a pressão dos moleques em cima de mim ,sempre soltaram balão sem ninguém na platéia nem foto tinham ,naquele dia tinha de tudo ,platéia e vários balógrafos vários de qualidade ,Fernando Amorin ,Fernando Everead ,não queriam perder essa oportunidade de vedetismo .

Resolvi tentar ,foi como um gol ,quando o balão já estava esticando o cabresto foi como eu esperava ,começou o sofrimento ,enquanto eu sofria com a guia na mão o Murilo me sacaneando rolava na grama e falava "vai perder ,vai perder!" , mas mesmo no sacrifício saiu e deu um showzinho ,a garotada vibrou muito .Muitos outros subiram e a tuma nunca mais perdeu balão .

Nessa época aconteceu um atentado ao Papa e  saiu nossa homenagem com o tema "Vida ao Papa ".Também com um 5X4 pintado de preto .

Teve um acontecimento que me marcou muito ,naquele ano ,como de costume ,passando o carnaval  começava a bolação dos balões do ano e quando na primeira reunião da turma apresentei meu projeto de um trabalho que seria um "Relógio Cuco",uma noite ,como sempre estava desenhando procurando a melhor forma do Relógio quando recebi uma visita ,até lhe mostrei os desenhos ,foi nessa hora que falou ,"Eu sou teu amigo e vim te avisar o Zeca mandou fazer o desenho do relógio para a turma soltar ,vai te sacanear ".Eu fui testemunha de uma dessas brincadeiras do Zeca com o Ilvamar da Colosso quando armou para uma turma de Vaz Lobo soltasse um desenho que a Colosso ia soltar ,o Zeca não era traira ,gostava de brincar ,sbendo disso me apressei em esquecer o Relógio e comecei as pesquisas para uma nova armação .Na próxima reunião joguei dois desenhos que havia feito no chão no meio da rapaziada de quintino e depoi de explicar o porque  da mudança ao verem os desenhos foi uma vibração geral ,era a Mulher da Fechadura e como tinha dois desenhos foi escolhido um de armação e bojo .

A armação da fechadura ficou pronta em abril pra subir em junho ,depois de dias e noites no Inharé na quadra a armação foi enrolada e guardada no tempo pendurada no muro de um vila toda encapada com plástico ,como nem imaginamos ao chegar o momento de ir para o campo veio a decepção ,muito ramis estavam com pintas pretas de mofo podres e rebentavam ,muitos achavam que não dava pra aproveitar ,mas eu que havia trabalhado muito nela resolvi fazer revisão de ponta a ponta e fiz ,ao subir quase nada foi afetado .Antes de vir para o campo passei pela Barão de Bananal pra ver o movimento ,estava vazio ,bati um papo com o Zeca ,mas não falei nada da nossa armação ,o Zeca não iria curtir a bricadeira .Nosso campo estava lotado  .Foi uma noite de sonhos .

Não tenho certesa ,mas acho que foi nessa noite que o Zeca teve uma briga muito feia com o Augusto ,nessa época eles não se davam .

Tudo por causa de barraca ,ele não admitia que o Augusto colocasse a kombi no ambiente do festival ou do balão da turma ,o Zeca não era de beber ,mas nessa noite notei que ele havia bebido .

O Augusto como policial era mais controlado e eu como amigo dele nunca notei raiva do Zeca nele ,achava até engraçada a intolerância do barbudo .

Havia em alguns grupos ,poucos felismente ,que não gostavam de ver gente ganhando dinheiro na soltura de seus balões ,a implicância era até com os balógrafos ,vi alguns proibirem fotógrafos de estarem em volta ,mas o interessante é que nos dias que depois catavam boas fotos .

Um que não era questionado era o Tio Melo que ,pelo contário ,era um ponto de união ,e creiam foi o responsavel pela qualidade das fotos ,quando seu filho o Afonso chegou a ir aos laboratórios da Fugi para desenvolver o fundo preto que deu realce as fotos ,ainda hoje vemos fotos antigas com fundo claro que não é o ideal .

Ser Balógrafo atualmente é mole ,naquela época não era ,fotografar era muito dispendioso ,e era importante o aproveitamento dos ângulos os 135mm eram caros e depois vinha a revelação .

Ainda tinha a frustração de não ter pego bons ângulos ,mesmo sendo um destemido nem sempre conseguia boas fotos ,era uma verdadeira competição que tinha alguns destaques como o Jorge Barbudo ,Afonso Paulinho Anaton Paulinho 70 ,esse escondia onde iam subir alguns piões pa só ele ter foto ,Nivaldo de Madureira ,Fernandp Everead , e outros que não lembro ,  esses eram especialistas e tinham sempre boas fotos , tinham aguns meio atrapalhados  como o meu amigo o Fernando Amorin que até acertar com a máquina ,a temporada terminara .

O destemor do balógrafo ,em muitos casos o lovou à certas dificuldades ,o Nivaldo em Bangu com o balão saindo foi recuando de costas procurando o melhor enquadramento afundou até o pescoço num sumidouro , havia muitas fezes ,eu fazendo vídeo do balão da Colosso A Ilha do Tesouro depois da tomada de boca saí correndo para pegar a armação de frente ,só não atentei para o local do acendimento da bucha onde o pingos fizeram um piso de cebo ,quando o pé bateu em cima deslisou e lá fui eu num voo com todo equipamento ao chão ,o meu equipamento era dos primórdios do vídeo onde eu carregava uma parte muito pesada do equipamento no ombro ,levantei rápido ,continuei correndo e o Nivaldo preocupado perguntava se eu estava bem e corria junto .

A fotografia hoje é algo facilitado pela tecnologia sendo pouco dispendiosa ,basta um telefone celular para boas fotos que são transmitidas na hora pra qualquer lugar ,não há necessidade de filmes ou revelações .Se antes era preciso ter fitas de gravação de imagens ,hoje no sistema digital tem memórias pra muito tempo de gravação ,outras mudanças estão no durex e nos tubetes.

Naquela época era complicado adquirir alguns produtos e muita coisa se conseguia em sobras de empresas como a cola plástica que edescobri que seria descartada por falta de qualidade expecífica ,para o que seria usada ,e com alguns contatos consegui algumas barricas que ajudaram a fazer o King of de King ( 54m) .

E por falar em cola plástica foi muito engraçado quando alguns baloeiros daquele tempo que sujavam a mão com cola de farinha de trigo ficaram temerosos de usar a cola branca ,o Betinho do cachambi duvidou da qualidade dele e quando levei pra Tom e Jerry muitos olharam com desconfiança ,a cola plástica foi revolucionária e de muitas utilidades .

Quando fui pra quadra fazer armações na Tom e Jerry modifiquei o sistema ,em lugar de furar e usar agulha para atravessar o barbante e amarrar eu dava duas laçadas e mandava os garotos colocarem cola sobre as laçadas ,era muito mais rápido ,disseram que ia desmontar no alto ,mas a fechadura foi uma prova de que funcionava .

Minha vida no balão não foi só alegria ,tive minhas frustrações ,lembro de ser encarregado de montar a cangalha do balão da Portela pela ausencia do Madeira fiquei a tarde toda na calçada montando o artefato ,fiz de tal maneira que só era preciso acender uma entrada que depois ligaria tudo .

Acompanhei a subida do balão com a guia da cangalha na mão e o Paulo era o responsavel por acender com um charuto ,o balão saiu pegando tudo e lá foi minha obra .

Esperei ,esperei e nada ,notei que os fogos não iriam sair e a turma veio me acalmar com aquele isso acontece .Depois de um tempo entrei no meu carro disposto a recuperar o material ,fui pegando informações até encontra o loca da queda ,tive permissão para entrar e realmente a armação estava estendida sobre ás arvores ,mas não encontrei a cangalha ,depois de muito indagar acabei descobrindo com quem estava ,sete horas da manhã toquei a campainha e me aparece um cara com a cara toda amarrotada ,era o Chiquinho da rua Paraná ,quando soube o que eu queria falou "Está comigo mas não posso ..."eu logo interrompi dizendo que não queria os fogos queria o estopim de entrada ,e ao olhar nos restos lá estava ele inteirinho por não ter sido bem aceso .

Vamos falar de um cara que sempre será um dos personagens mais importantes e a quem devemos em muito a união entre nós no início ,procurava colocar um em contato com o outro ,rei das brincadeiras ,to falando do Murilo da turma da União que durante muitos anos ,des de o Caeté mandava seus balões e nos últimos anos tinham sua sede na casa do Elson na avenida Suburbana e era ali perto "o Godosão" o local de lançamentos .

A casa do Elson era a sede da turma ,mas era no Godosão que o show acontecia com festival de pipas e os lançamentos .

Fui assistir o lançamento do Painel Colonial criação do Tarcis ,ainda sem ter intimidade com a turma fiquei assistindo os trabalhos e me liguei com um cara q pegou todas as linhas do cabresto ,juntou todas até o centro da antena e foi puxando todas até amarrar o cabresto ,fiquei em dúvida se aquilo iria dar certo .

O balão começa a subir e esticar o cabresto ,a linha do centro esticou ,mas as das pontas ficaram muito frouxas e a antena quebrou e aí tentam arriar o balão que não desce ,não podia sair assim ,depois de muito o balão não vinha e foi aí que apareceu o Nelson Grande que juntou tudo e num arrancão tirou a boca que caiu aos seus pés esse era o cara.

Muitos dos novos de agora deveriam conhecer o Nelson Grande ,ele chegava a ser bizarro com tanta segurança .

Quando ia soltar seus balões da casa da tia Mimi levava escada extintor ,garatéia ,foi um momento que hoje faz graça ,mas que era muito sério e ele foi responsavel por acabar com a forca usada para levantar o balão e a lata com buchas para encher o balão com a introdução do maçarico que deu um ar de limpeza .

Outro Nelson era o Dentista que movimentava Del Castilho .

Lembro do Carteado Real sendo maçaricado com muita gente no bico do balão ,curioso fui ver o que havia e constatei o Nelson amarrando o bico do balão ,isso já de madrugada .

Um outro momento do Nelson foi o Balão do Sítio do Picapau Amarelo ,o bojo do balão foi pintado com tinta aplicada direto no papel do balão e ao ser maçaricado dava pra ver o papel todo furadinho .

Era uma noite de tempo bom mas com uma aragem ,ao sentir a aragem precisou ser puchado para o centro da praça e o esforço teve que ser grande ,não resistiu e abriu ,foi uma pena ,estava muito bonito .

Já que estamos falando de Del Castilho vamos lembrar do Calhambeque eu tinha ido cumprir um compromisso no Montanha Tenis Clube no alto ,mas como sabia desse desci rápido e ao chegar a cena era linda ,nos gramados muitas crianças e pessoas cobertas domiam e outras tomava café quente e comiam biscoitas ,os pipoqueiros ainda anunciavam seus produtos ,coisas que pertencem a bela época .

O balão subiu alta madrugada e lembro que entitulei aquele cenário de "Piquenique no Sereno"

Hoje pouco se fala de um grande artista que imperou no mundo dos balões ,o meu amigo Ilvamar Magalhães e suas criações para a Turma do Colosso com o Marcio o João do bigode e outros ,o nome se deve ao lançamento de uma das criações do Ilvamar a poderosa imagem ao sair deu uma parada a um metro do chão e depois lentamente levanta com tudo e entra Niterói a dentro .

Estava lançado o Colosso de Rodes

Vamos falar do grande festival da turma da Bruxa

Atravessei a ponte bem cedo e quando cheguei Tribobó já estava animado com a preparacão do pião de 27m de molde novo do Tião ,notei que o Tura estava amarrando rolinhos de linha na antenae alguém me falou que era o cabresto ,nem me liguei ,logo começa o movimentocom o belo 27m enchendo ,quando vai ficando em pé é hora de me posicionar para pegar a bandeira de frente ,atravessei o rio e consegui uma boa posição e logo apareceram os balógrafos a bruxa saiu de frente pra mim ,enquanto o Deolindo gravava por baixo eu pegava de frente foi aí que deu pra ver pefeição do cabresto que o Tura calculou na mesa perfeito ,a antena estava reta .

Depois da subida do 27m começa o festival era uma profusão de cores e modelos e com um tempo ideal ,foi um dos maiores festivais daqueles tempos onde era homenageado o grande João Ely .

A Turma do Cachambi ,escola e berço do balão ,também a Ouro preto ditaram o como fazer e como não fazer ,seus personagens ainda entre nós não nos deixam esquecer como foram importantes para o que vemos hoje.

Vendo fotos dessas turmas temos certeza que entre dez balões de todos os tempos ainda vamos encontrar muitos trabalhos desses grupos .

Ninguém esquece a Moeda ,Meste Sala e Porta Bandeira ,Tapete Persa e balões da Ouro preto marcantes como o que o Cizinho me ligou ,"Vem Zequinha que vai sair cedo ",e eu acreditei ,como ia sair cedo fui como estava ,nas madrugas de shorte camiseta e sandália de dedo ,tremia de frio enquanto fazia a gravação de vídeo ,mas valeu .

Como de costume num fim de semana e fim de noite num domingo dei uma passada no Cachambi ,fui surpreendido com a informação de que o Jorge estava montando a armação do Tapete Persa ,ele estava sosinho já com tudo no cavalete pronto pra lanternar ,mas não sabia onde estavam as lanternas ,como ele saiu a procura fui até a Miguel Angelo e encontrei o Betinho pintando camisas até meio aborrecido ,até hoje não sei o que se passava .

Quando voltei ao terreno a lanternagem estava pronta e o balão também estava ,já pelas altas horas da madrugada saiu o Tapete Persa .

O Jorge era um dos mais determinados de todos na turma ,num desses dias que passava por lá vi o Jorge de joelhos no chão amarramdo bambus verdes de tamanho absurdo e alguém me falou que era a antena da bandeira que iria no pião de 40m ,era algo que não dava pra imaginar pendurado num balão e depois foram aparecendo os outros equipamentos de segurança que o balão levaria uma imensa boia com dois grandes paraquedas .

A boia era pra evitar ,se fosse no mar ,o afundamento em caso de queda e as paraquedas amparariam a queda ,evitando grande impacto,dizem que esse esquema foi desenvolvido pelo Edson de Guadalupe . 

Mas a dificuldade era saber de onde seria o lançamento porque havia uma determinação de um coronel da pm para que não permitissem a subida desse balão como o do Circo da Zodíaco ,por isso o segredo do local era mantido ,foi uma noite de loucuras até que telefonei pro Deolindo e ele me informou que seria na Mangueira mas o local era mais ou menos pela Visconde de Niterói .

Era umas quatro horas e cheguei em Mangueira sem ter a menor idéia de onde seria ,dei umas voltas e notei um carro com muitos de gorro ,que era uma característica da época para baloeiro ,passei a segui-lo que estacionou logo na entrada da visconde ,também estacionei e era ali mesmo ,para o tamanho do evento tinha pouca gente .

Começa o ritual com todos ajudando e em pouco tempo o balão estava em pé ,ao lado havia um hospital e notava-se gente na varanda assistindo .

Como tudo a entrada da boca feita de modo tranquilo e onde se via 32 buchas de retardo tudo pronto acendem a bucha principal e depois a piloto (uma obra do Ivo Perereca) mal o bicho ficou leve foi liberado começando sua subida ,a sensação até hoje me acompanha ,coisa indescritivel ,era um gigante ,o primeiro ,e lá vai a cangalha e a uma boa altura a parada ,começa o show dos fogos ,na varanda do hospita surgem doentes enfaixados assistindo ,a antena começa a sair ,o farfalhar do papel até hoje soa nos meus ouvidos .dá uma paradinha e volta um pouco ,é de notar que havia apenas uma guia ,depois como um adeus saiu e muitos vasaram os lagos lacrimais ,que show ,será que era a melhor  hora do balão naquele momento máximo .

Ivo Patrocínio um dos mentores do projeto estava emocionado , o Cachambi já vinha de um show com o 32m .

Falar dessa época cria até confusão na cabeça ,são muitos grandes momentos .

Nesse tempo aparece uma turma que viria a ter grande destaque ,era a Turma do Zodíaco ,nem só por bons momentos começa a aparecer ,um acidente com a bucha que caia do balão veio atingir um rapazmotivando alogumas queimaduras ,a turma assumiu o tratamento e cuidou da hospitalização até o final do tratamento .

Depois desses momentos desagradaveis a turma vem com o João Paulo II ,um trabalho maravilhoso que evidenciou a grande qualidade da Zodíaco ,que veio a confirmar a performance ,aí eu estava lá com o meu amigo Paulo Vovô ,no lançamento dos Sígnos e Tropicália e a Turma do Zodíaco marcou sua época .

Um grande motivador para a evolução do balão foram os trofeus ,deu início a um termo muito comum que era "decorado de bico a boca",antes o teto não era decorado como o cone de boca ,mas depois da Boca de Ouro com a competividade o balão teve outro tratamento .

Quando chegava agosto terminava a temporada e ,geralmente dia sete de Setembro era feita ,no Caeté a festa da entrega da Boca de Ouro ,tudo por conta do Murilo da Turma da União ,pela manhã tinha uma disputa de um torneio de Futebol de Salão ,já aí começava a confusão com resultados muito discutiveis ,depois era a entrega do Trofeu feito pelo Melão ,que adorava uma confa ,sendo ele vice presidente da Mangueira ,certo dia ele me disse "essas brigas aqui são brincadeiras ,vai na escolha de samba na Mangueira ",no final valia a decisão da escolha da comissão .

Eu sempre ajudei mas nunca participei da escolha .

Um dos momentos mais envolventes foi quando no final da década de setenta quando passei a fazer parte da Equipe Tom e Jerry ,era um grupo simples que vinha ,como outras na época ,de alguns fracassos .Ainda não havia uma técnica definida de segurança ,era bem pé no chão ,sendo um grupo grande começou a entrar num caminho bem orientado com a chegada do Madeira lançando o Berimbau de quintino ,tinha começado no Encantado num terreno ,e depois do Berimbau firmou lugar no campo do boi .

O Tom e Jerry foi a marca do grupo ,num lançamento fatídico com a cangalha saindo no campo ,que estava cheio ,o que constrangeu um pouco mas foi marcante e a Tom e Jerry passou a andar de boca em boca .

Era famosa por usar as buchas de querosene que constava de uma grande bola de algodão fofo embebida em uma média de cinco litros de querosene .O Madeira tinha orgasmos enquanto molhava o algodão ,geralmente depois de tomar umas .

Num balão na hora de acender ele jogou um rolo de guia pra mim dizendo que eu devia e merecia guiar o balão pelo meu trabalho .Quem não esperimentou acredite você agarra na guia com a maior raça mas o bicho parece estar colado no céu ,isso foi no Mapa da América do Sul .

Nessa época era interessante todos queriam guiar ,tinha componente que comprava guia e na hora de soltar amarrava na boca ,lembro de ver balão com tanta guia que cheguei a escrever que parecia macumba com tanta guia .

Isso pra mim não era importante ,queria ver a saída ,quem guia não ve ,eu curtia sozinho num canto bem escuro pra ter boa visão .

Alguém me chamou a atenção para um balão que foi uma complicação ,foi o do Nono Batalão da PM .Lembro que lá na quadra do Inharé eu e Madeira ,depois de virar a noite ,tinha que entregar a quadra de manhã para o futebol ,e já com tudo pronto entram na quadra soltando morteiros e fasendo uma barulhada danada ,Adilson ,Américo e Anselmo ,era aniversário do Madeira .

Essa armação foi para o campo e como não deu pra soltar foi arriada ficando no chão pro dia seguinte ,mas um caminhão durante a noite ,não sabia ,manobrou em cima danificando tudo .

Essa armação veio a ser repetidas bem depois ,havia me afastado e estava na Zodíaco ,gostava muito da equipe e me dedicava muito ,como técnico de tv e ourives recebi muitas veses clientes na sede ,na mesa do balão .

Em uma reunião falaram que era obrigação e eu um ,dos mais assiduos ,dizia que era um compromisso mas não era obrigação no que fui veementemente contestado quando respondi que assim eu estava fora.

Naquele ano restante ,vivia como cigano ,mas diariamente frequentava a Amizade ,pois meu filho participava da turma ,eu o levava e também o deixava em casa no fim da noite e depois de leva-lo estava livre para dar o meu "rolé"ou ia até alguma turma para saber das coisas .

Agora vamos para um período bem anterior , quando o balão começa a ter sua história .

Se não me engano foi um dos primeiros grandes assuntos centralizado num balão ,era sobre o balão da bananeira ,balão gigantesco ,feito de papel de saco de cimento ,feito na calçada de uma rua de Guadalupe com os carros entrando nas garagens por cima do papel do balão e o nome do artífece era o Davy Maluco muito amigo do Edson ,grande artista do risco .

Não cheguei a ver esse trabalho mas fiquei curioso com essa história inusitada .

Descobri que era pra ir um paraquedista ,mas na hora o cara sumiu sendo encontrado num bar muito bebado sem a menor condição , comparando o peso colocaram a bananeira .

Tempos depois soube no Tio Melo que tinha outro balão ,parecido com o anterior ,e num belo domingo de sol cheguei ao local do lançamento .

Era um lugar bem amplo e o balão estava estendido num chão gramado de nivelamento irregular e o grande tamanho serpenteava pelo gramado mostrando um trabalho sem a menor preocupação com a qualidade .

Não entendi o por que esse balão nã foi muito comentado ,isso lá pelo ano de 1977 ,digo isso por muita coisa que vi na preparação para coloca-lo em pé .

O interessante é que nada do que foi feito ali foi aproveitado em outro trabalho.Imagine o que é entrarem balão adentro com uns tipos de varas com t na ponta com trapos enrrolados pra não rasgar e ele vão entrando e levantando o papel em direção ao bico enquanto uma grande quantidade de maçaricos mandavam calor com vontade .

Um lugar que marcou muita também era de Realengo pra lá ,comçava com a dinâmica Turma de Realengo e um pouquinho mais adiante ,ainda fica ,a Turma do Cristo e andando um pouco mais estava em Campo Grande onde ficava a TCG Turma de Campo Grande ,entre outras .Em Realengo o Alvinho mantinha em atividade uma das turmas mais ativas ,quando menos se esperava tinha um armação pronta no campo ,sempre com idéias criativas que o Edson ,na sua genialidade preparava ,uma de suas criações enigmáticas foi  uma decoração de bojo que só se entendia a uma certa distância ,de perto não se entendia nada .

Ver soltura em Realengo era confortavel ,barracas  com seus quitutes saborosos ,o tradicional pipoqueiro e até uma cachacinha nas noites frias ,sem dúvida um lugar ideal quase a beira da estrada com pomto final na praça ao lado .

Quando passava por lá caminhando um pouco mais as imagens brotavam na mente ,eu agarrado ao volante contava o tempo pra chegar na casa do Sidney e da Conceição ,ali era e é a tradicional Turma do Cristo ,mesmo sendo um dos lugares mais quentes ,dava prazer estar lá  .

Esse casal sempre foi dedicado aos recortes e bons anfitreões ,sempre recebiam a gente bem ,estavam sempre com algum projeto novo ,trabalhavam muito pra prestigiar os festivais ,era o urso panda ,a arara e num festival da Amizade o show foi o Elefante .

Em manhã de festival quando o Zeca sabia da presença da Turma do Cristo abria um sorriso de orela a orelha ,pois sabia que era coisa boa .

Outras passagens pra caminhar um pouco mais até Campo Grande onde se encontrava TCG .

Com a liderança do Vagner Canazarro era uma turma diferente por sua localização ,um lugar muito agradavel ,onde se via a naturesa viva ,a TCG tentou numa noite lançar dois balões com armação ,eu fui mas não recordo do resultado ,se subiram bem ,aceito ajuda .

O ano que a TCG concorreu a boca de ouro ,que tinha no regulamento a obrigatoriedade de soltar três balões pra concorrer ,Haviam soltado três balões que não davam um ,mas acabaram ganhando ,mesmo com minha luta para que se prestigiasse a turma da Ouro Preto pelo seu passado nesse ano .

Em certo momento começava um movimento que viria a revolucionar tudo ,inclusive o balão ,o zero e o um começavam a dar nome a tudo e a todos ,era a informática e se falava numa tal de internete .Depois do TK85 e mais alguns cheguei no MSX onde fazia programinhas de cálculo ,como o Tura tinha usado uma reguinha pra calcular o cabresto na mesa plantei o teorema de Pitágoras num progaminha e calculava meus cabrestos no MSX ,sempre que ligava tinha que digitar o programa ,mas era perfeito .Depois disso começaram a aparecer os PCs com memória e o meu MSX foi pro armário se juntar ao Atari onde dei show com o River Raid e Demon Atak e estão lá até hoje .

Foi uma mudança geral no formato dos balões ,associado ao Pi foi uma revolução ,começaram a sugir uma variedade imensa de formas com nomes variados ,os retinhos dos sonhos chegaram a entrar no esquecimento da galera ,eu venho tentando mante-los vivos com os retinhos .

Coloquei a venda alguns tamanhos de retos ,muita gente falou na saudade desses que andam hoje nos albuns de fotografias ,mostrando que foram os desbravadores da nossa história .

Hoje é bem mais fácil falar do passado com essa mídia maravilhosa que temos ,onde a internet nos dá e-mail ,face ,whatsapp ,sites e mais uma quantidade de meios de comunicação até escrita o que antes era o telefone .Até mesmo esse sistema era precário ,quando lembramos que se anunciava o video fone como a grande novidade hoje dá pra lembrar com risos quando vemos o telefone pessoal transmitir ao vivo eventos hoje .

CONTINUA NA MINHA HISTÒRIA 2